Grau de titulação:
Mestrado
Orientador:
Resumo:
Este estudo analisa a prática da avaliação através de um estudo de caso realizado em uma escola da rede de ensino pública de Campinas no transcorrer do ano escolar de 1993. Para isto, foi observada semanalmente uma classe de 1a. série do 1o. grau. Primeiramente foi utilizado como recurso apenas o registro cursivo. A partir do segundo semestre as observações manuscritas foram intercaladas por gravações feitas com câmera filmadora. Também foram realizadas entrevistas no decorrer do ano letivo.
A prática da avaliação foi vista como um possível fator de contribuição ao fenômeno do fracasso escolar, pois é a partir da avaliação final de cada bimestre letivo, encaminhada pelo professor, que o aluno é aprovado ou não ao final do ano. Considerou-se que esta prática pedagógica está articulada ao modo de organização sócio-econômico da sociedade em que está inserida.
Levantou-se a hipótese da avaliação ser realizada, aparentemente, de maneira apenas formal, seguindo as regulamentações de cada programa escolar estabelecido para cada escola, mas, simultaneamente a essa formalidade, ser também realizada uma avaliação informal, via imagens, expectativas e modelos que os professores criam de seus alunos. Esta última condicionando a primeira.
Concluiu-se que a prática de avaliação realiza-se formal e informalmente, sendo que o professor, em alguns momentos, até percebe essa duplicidade, mas não chega a problematizá-la. A informalidade concretizava-se por vários meios: interferências da direção da escola no trabalho pedagógico do professor, poder da hierarquia dentro do grupo de professores, crenças sobre alunos-padrão divulgadas entre professores, imagens e expectativas do professor com relação ao comportamento esperado de seus alunos.
Notou-se que os alunos que não se "encaixavam" no quadro de referência do professor foram rotulados e estigmatizados no decorrer do ano e, por mais que apresentassem melhoras em seu desempenho escolar, não conseguiam sair do rótulo que lhes fora dado.
Com este trabalho, conseguiu-se acompanhar o processo de construção desses rótulos em relação a alguns alunos durante o período letivo. Rótulos esses, elaborados paulatinamente pelo professor, que iam sendo confirmados pela realidade do cotidiano escolar.
Percebeu-se que a avaliação foi uma prática que selecionava os alunos através de seu desempenho escolar apresentado em aula, estando nela embutida a avaliação de seus comportamentos. Os alunos que se adequassem ao esperado, em termos de correspondência de atitudes almejadas pelo professor e apresentassem um desempenho satisfatório na aprendizagem, seriam aprovados e os que apresentassem um desempenho também satisfatório, mas que não correspondessem ao modelo esperado por ele, seriam rotulados e estigmatizados, sendo retidos ao final do ano.
Pareceu existir uma parceria da escola e da prática da avaliação com a organização do trabalho em nossa sociedade quando notou-se que os alunos que se "rendiam" ao modelo de aluno esperado pelo professor, modelo este que se caracterizava pela conformidade e obediência às determinações do mesmo, conseguiam o êxito escolar, e os que não se mostravam obedientes e passivos foram "punidos" com a reprovação.
Ano da Conclusão:
1994